Hospital Universitário Sant Joan de Reus – Minhas percepções

O Hospital Universitário Sant Joan de Reus, localizado em Tarragona, foi a terceira visita realizada durante a minha pós-graduação no LAHB/2017. Construído em 2010, com cerca de 108.000 ², a maior estrutura hospitalar visitada durante o curso. O hospital possui um perfil assistencial de média e alta complexidade, com 08 unidades de internação, totalizando cerca de 400 leitos, sendo 250 de interação e 150 de sociosanitário. O programa, extenso e complexo, contempla ainda 04 bunker de radioterapia, 10 salas cirúrgicas, 02 salas  limpas e uma ambulatório com 93 consultórios. Além disso, um estacionamento com 763 vagas. É uma verdadeira cidade, tamanho a complexidade do prédio. Eu diria que é mais pelo tamanho do que pelos serviços implantados.

FONTE: Archdaily

Com projeto de arquitetura dos escritórios Corea & Moran Arquitectura e Pich-Aguilera Architects, o projeto possui um partido horizontal, com decisões arquitetônicas voltadas ao menor impacto da edificação no contexto urbano. Implantado com o objetivo de ser um vetor de crescimento para a cidade, o hospital é composto por uma nave principal, a circulação e áreas sociais e 06 módulos que tocam essa nave, onde se desenvolvem os serviços de saúde. A estrutura organizacional de planta se assemelha um pouco com a tipologia do Hospital de Mollet: rambla pública e rambla privada.

Sem dúvida a primeira impressão gerada foi devido a escala. O hospital é muito grande. A rambla social possui cerca de 300 metros de comprimento, realmente uma rua. E é essa a sensação ao caminhar por essa área. Uma composição de cheios e vazios formados pelo jogo de luz e sombra, pelos jardins e pelos volumes orgânicos da cafeteria e auditório, que permeiam na rambla. Além disso, o pé-direito da rambla traz uma escala de monumentalidade. Me senti quase que em um hall de museu. É uma interpretação bem particular, mas é essa a sensação que a monumentalidade me trouxe. Além disso, há uma conexão vertical das circulações horizontais dos pavimentos de internação que permeiam nos últimos dois níveis da rambla.

Um projeto com “simplicidade” nos acabamentos e muita maestria nos fluxos. Os serviços são muito bem distribuídos e, com essa estrutura de “rambla”, há sempre dois contextos: o social e o de serviços. O fato de, enquanto público, não visualizar os serviços, é quase que não entender como as coisas de fato funcionam na estrutura hospitalar. Isso muda o impacto visual padrão de um hospital: pessoas de jaleco, macas, carros de alimentação, de roupa, de lixo e vistas, tudo circulando ao mesmo tempo. Essa não é a realidade de hospitais com essa estrutura dupla.

Mas para cada visita sempre há um ponto que chama mais atenção. Nessa sem dúvida foi a tecnologia projetada para o transporte de serviços. A distribuição de roupa limpa, coleta de roupa suja e coleta de lixo é realizada através de robôs que transportam os carros que são utilizados. Devidamente endereçados, os robes executam a função conforme programada e, após realizado o trabalho, retornam para a “sala de carregamento”, onde se conectam às suas bases para carregar a bateria. O administrador nos contou que a opção por essa tecnologia reduziu cerca de 100 trabalhadores do quadro de funcionários. É interessante observar como a uso da tecnologia pode nos ajudar qualitativamente nos projetos, e também como mudamos processos de projeto.

Em Reus tudo é muito impactante devido as suas proporções. Todas as áreas de apoio são muito bem estruturadas e projetadas. Os fluxos de recebimento de serviços, no subsolo, e toda a distribuição dentro do organismo hospitalar é muito setoriza e com um fluxo muito fluído.

Existe uma crítica dos próprios arquitetos que projetaram o hospital a essa escolha do conselho de saúde local e concentrar uma estrutura tão grande em uma única área. Essa proposta traz coisas muito interessantes, mas outras não tão boas assim. Mas essa é uma escolha complexa, que é sempre fundamentada considerando as estratégias de saúde de cada lugar. Outro fator que fez com que esse hospital tomasse tal dimensão, é o fato de ser universitário. Os ambientes voltados às aulas e laboratórios ocupam um dos volumes orgânicos da fachada principal e possui considerável área.

LINKS PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO:

https://www.archdaily.com/405281/sant-joan-de-reus-university-hospital-pich-aguilera-architects-corea-and-moran-arquitectura

http://mariocorea.com/obras/sanitaria/hospital-sant-joan-reus/

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