Devido a pandemia causada pela Covid-19, muito tem se falado sobre os sistemas de climatização dos ambientes hospitalares, principalmente da UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Sabe-se que o ar é grande responsável pela possibilidade de disseminação de contaminações, e não é diferente com a Covid-19.
Normatizado pela NBR 7256, os sistemas de climatização para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem controlar os parâmetros ambientais em suas condições termoigrométricas (umidade e temperatura), grau de pureza do ar, renovação e movimentação o ar. O principal objetivo desta norma é garantir a qualidade adequada do ar de forma a reduzir os riscos de contaminações transmissíveis pelo ar em níveis compatíveis com as atividades desenvolvidas nas diversas áreas do hospital.
Neste post vou falar sobre as informações relacionadas aos sistemas de climatização em dois pontos: filtragem (grau de pureza) e pressão do ar nas UTIs. Para as UTIs a norma descreve 3 ambientes e suas especificidades, conforme a tabela abaixo:

Fonte: NBR 7256 (ABNT)
Das descrições encontradas na tabela quero ressaltar o nível de pressão negativa (-) para o quarto de isolamento de paciente com infecção transmitida pelo ar. Este é o caso da Covid-19, por exemplo. Veja que para este ambiente a filtragem mínima de insuflamento é o filtro G4.
Falando inicialmente das filtragens, esse sistema é necessário para “limpar” o ar que será insuflado nos ambientes, seja ele externo ou recirculado. Em alguns casos, também é necessária a filtragem do ar na exaustão, como por exemplo em ambientes com pacientes com Covi-19, pois trata-se de um vírus com contaminação pelo ar.
A norma classifica os filtros em grosso, fino e absoluto, sendo esta a ordem crescente de eficiência quanto a pureza do ar. A especificação do filtro varia conforme a classificação de risco ambiental à saúde que o ambiente possua, também descrito nesta norma.

Fonte: NBR 7256 (ABNT)
O filtro mais conhecido é o filtro G4, encontrado nos evaporadores de ar do tipo Split, muito utilizado em residências e áreas comerciais. Tratando-se de UTI o filtro HEPA (Hight Efficiency Particulate Air), o filtro absoluto A3, é o mais indicado para áreas críticas como UTI e Centro Cirúrgico. Isso porque ele garante uma filtragem de 99,97% do ar. O filtro em si é composto por uma malha de fibras que garante essa eficiência na filtragem. No entanto, por possuir custo elevado, o sistema é montado de forma a possuir filtragens preliminares, com outros filtros grossos e finos, com o objetivo de prolongar o tempo de uso do filtro HEPA e diminuir a sua saturação.

Filtro HEPA. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Filtro_HEPA
O outro aspecto quanto ao sistema de climatização é a pressão. Simplificando para melhor entendimento, a pressão positiva ou negativa nada mais é do que a “quantidade” de ar que é insuflado em um ambiente em referência ao seu ambiente adjacente. Por exemplo, um ambiente onde há um paciente com uma infecção transmitida pelo ar é necessário que, ao abrir a porta para entrar neste ambiente, o ar que lá está não saia. Ou seja, esse ambiente precisa ter uma pressão negativa em relação ao seu ambiente adjacente. Em uma UTI geral, por exemplo, a pressão de ar será sempre positiva em relação aos ambientes adjacentes. Isso porque, todo o ambiente a UTI possui um sistema de climatização e filtragem, se o ar de fora entra na UTI, não necessariamente possui esse mesmo sistema, logo contaminará o ambiente.
De forma geral é importante ressaltar que os sistemas de climatização das UTIs estão relacionados com o maior custo para implantação e manutenção. É importante que neste momento a sociedade tenha acesso a essas informações, pois isso gera uma tomada de consciência da complexidade de todo o sistema e de sua importância para a manutenção da vida e até a cura.
Após essa breve explicação, sugiro que você retorne à tabela e verifique os ambientes e seus níveis de filtragem e pressão. Caso tenha dúvidas, deixe aqui nos comentários!