O organismo hospitalar, com toda a sua complexidade, possui certa diversidade de setores e áreas com atividades, serviços e processos distintos. Para garantir a segurança de todos os usuários, essas áreas possuem uma classificação de criticidade, estabelecida com base no risco de transmissão de infecção, que é determinado através da avaliação das atividades que são desenvolvidas em cada ambiente. Este risco é estabelecido pelo volume de matéria orgânica presente no ambiente, o grau de susceptibilidade do indivíduo e o tipo de procedimento realizado. Estas áreas são então classificadas como: área crítica, semicrítica e não crítica. Resolvi fazer esse post para explicar, de forma simples, o que são essas áreas, qual a importância dessa classificação e o que elas determinam.
Como eu sempre falo, nos ambientes assistenciais à saúde (EAS), todas as tomadas de decisões, sejam elas arquitetônicas ou operacionais, estão relacionadas com o processo que é desenvolvido no ambiente. Essa classificação auxilia exatamente na definição dos padrões operacionais, assistenciais, de assepsia e, para os arquitetos, de projeto de arquitetura para cada setor de um hospital ou estabelecimento com serviços de saúde. E são esses padrões que proporcionam maior segurança no controle de infecções hospitalares, no que cabe à estrutura física, de higiene e limpeza. Com isso, através dessa classificação são estabelecidas estratégias contra a transmissão de infecções, protocolos de limpeza e desinfecção de superfícies. Ou seja, para cada classificação há protocolos seguros e corretos para limpeza e desinfecção, o que impacta diretamente nos materiais de acabamento que podem ser aplicados nas áreas de cada uma dessas classificações.
![](https://monizefraga.com/wp-content/uploads/2020/06/monize-fraga-area-semicritica-enfermaria-1024x745.jpg)
Enfermaria do Hospital Público de Emergência de São Bernardo do Campo – SPBR Arquitetos
Fonte: www.archdaily.com.br
O objetivo dessa classificação é determinar as complexidades de cada setor, de forma minuciosa, estabelecendo os processos de higienização e desinfecção de superfícies de acordo com o risco de transmissão de infecções de cada setor. Sendo assim vamos às classificações:
Áreas Críticas: são aqui classificados os ambientes onde há elevado risco de transmissão de infecção, podendo este ter ou não a presença de pacientes, ambientes onde são realizados procedimentos de risco ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos. São alguns exemplos desta categoria: Centro Cirúrgico, Unidade de Terapia Intensiva, Laboratório de Análises Clínicas, Hemodinâmica, Unidade de Transplante, Banco de Sangue, Central de Material e Esterilização, Lactário, Serviço de Nutrição e Dietética (SND), Unidade de Diálise, Área Suja da Lavanderia, entre outros.
Áreas semicríticas: aqui classificam-se os ambientes ocupados por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas. Como exemplos desta categoria temos: enfermarias, apartamentos, ambulatórios, circulações, banheiros, salas de exames, entre outros.
Áreas não-críticas: são todos os demais compartimentos dos estabelecimentos assistenciais de saúde não ocupados por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco. Exemplos dessa classificação: vestiário, áreas administrativas, almoxarifados, entre outros.
![](https://monizefraga.com/wp-content/uploads/2020/06/monize-fraga-area-critica-semicritica-nao-critica-cme.jpg)
Central de Material e Esterilização
Fonte: www.blog.arkmed.com
É interessante observar que muitos ambientes onde não há acesso de paciente são classificados como área crítica. É necessário entender que o risco de transmissão de infecção também ocorre em serviços básicos de assistência, como alimentação, roupa e esterilização, por exemplo. Muitos dos setores de apoio e logística do hospital são tão importantes neste processo quanto os próprios procedimentos assistenciais direto ao paciente. Por isso comecei o post chamando o hospital de “organismo”. Não há setor mais importante que outro. É necessário a completa harmonia para que haja a segurança do paciente, colaboradores, visitante e todos envolvidos no processo de cuidar. Isso é tão verdade que alguns estudiosos já questionam as áreas consideradas como não críticas, justamente por entender a complexidade do todo e a interligação de toda a estrutura hospitalar.
Fonte da imagem de capa: www.salixengenharia.com.br
Muito bom 👍tirei minhas dúvida